quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Património, um fardo ou uma oportunidade para Braga?

Braga no mundo capitalista em que se encontra, num País envelhecido e sem capacidade de ser competitivo nos mais diversos níveis, deve ver no turismo uma forma de inverter a atual crise instalada. 
Em Braga, isso só será possível alterando a mentalidade vigente nos políticos e na própria sociedade local, que na verdade vêem na preservação do edificado histórico, dos vestígios arqueológicos, e na promoção da cultura apenas o dispêndio de fundos públicos. 
Como atesta a destruição patrimonial durante o século XX e XXI, o desaproveitamento do património e o turismo residual da cidade.

Dar a conhecer a todos os bracarenses a cultura, história e património da nossa cidade e procurar trazê-los à discussão das decisões municipais, e a necessidade de proteção do nosso legado histórico, será o primeiro passo a dar e uma forma de desenvolver e capitalizar o enorme potencial turístico da cidade.

Quando se fala de Braga é preciso ter ciente que em menos de 1km² se concentram os vestígios de Castros, Balneários Castrejos, Bracara Augusta capital da Galécia, a mais importante cidade Romana em Portugal e uma das mais importantes em todo o império, que foi também a Capital do Reino Suevo e Visigodo; concentra-se também o centro histórico da cidade mais antiga de Portugal, onde se destaca a Sé de Braga, anterior ao nascimento de Portugal e onde se criou Portugal, e ainda toda a monumentalidade dos edifícios construídos desde a renascença até ao neoclassicismo, motivo pelo qual Braga é conhecida como a cidade do Barroco.



Tendo consciência disto, quase todos entenderão que existe um imenso potencial turístico em Braga, que passará pela exploração de cada um destes períodos, atribuindo-lhe ícones e imagens de marca capazes de atrair turistas de todo o mundo.



De Bracara Augusta urge estudar e musealizar o Teatro Romano e a ínsula das Carvalheiras, a que se somam as inúmeras infraestruturas já identificadas mas não visitáveis. A médio prazo os imponentes edifícios já localizados, como o Anfiteatro Romano, o Fórum Romano ou o perímetro da muralha Romana, seriam importantes mais valias a adicionar à marca de Braga Romana, os quais importa proteger no PDM agora em revisão.

Teatro Romano de Bracara Augusta
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Do período Suevo e Visigodo a musealização do Parque Arqueológico de Santa Marta das Cortiças, a divulgação do Núcleo Museológico de São Martinho de Dume e de São Frutuoso seriam os eixos fundamentais aos quais se adicionariam os diversos vestígios da antiguidade tardia já identificados em diversos locais de Bracara Augusta.

Da cidade medieval estão por explorar chavões como, atribuir à Sé de Braga a criação de Portugal, pois foi graças à ação dos Arcebispos de Braga que instigaram à criação de um Reino Independente, apoiando os Condes economicamente e militarmente contra Castela e de seguida participando ativamente na Reconquista e no reconhecimento Papal do novo Reino que levou também à independência económica em relação a Leão e Castela. Está ainda por valorizar e explorar os diversos troços da muralha e Torres ainda existentes, como a Torre de Menagem que atualmente não representa qualquer mais valia para o município.

Do período Barroco estão por classificar diversos monumentos de interesse público e alguns em monumentos nacionais, como é o caso do Santuário do Bom Jesus onde a “cópia” no Brasil está classificada como Património Mundial da UNESCO desde a década de 80. Além disso está por explorar o fato de Braga ter sido a capital eclesiástica do império Português até 1716 altura em que Lisboa recebe a dignidade Patriarcal, o Mosteiro de Tibães que foi a casa mãe da ordem beneditina em Portugal e no Brasil, e está também por explorar a influência e semelhança do Barroco Bracarense com o das cidades históricas Brasileiras.



O Teatro Romano como símbolo da Braga Romana e da antiguidade tardia, a Sé de Braga como símbolo medieval e da criação de Portugal, o Paço Arquiepiscopal, as Igrejas e o Mosteiro de Tibães como símbolo da capital eclesiástica do império português, o Barroco Bracarense como referência deste período em todo o império e em especial no Brasil, o Santuário do Bom Jesus como Património da Humanidade e inspirador de vários santuários no império, o Estádio Municipal de Braga como símbolo contemporâneo, seriam os principais ícones de um plano alargado de exploração do turismo de Braga, com base no património.
Fontes: 1, 2, 3, 4, 5, 6


Contudo, todo este património apenas será efetivamente uma mais valia se for explorado economicamente. De nada interessa ter centenas de locais com potencial turístico se estes não estão devidamente divulgados, abertos ao público e rentabilizados.
Uma das hipóteses de exploração passaria pela implementação de um cartão anual para que os bracarenses interessados pudessem aceder aos edifícios classificados abrangidos pelo plano turístico, e a implementação de cartões turísticos parciais ou para a totalidade dos edifícios. Isto, permitiria alavancar economicamente a exploração turística do património da cidade, facilitando a implementação de guias turísticos e roteiros para os diversos períodos, e o alargamento do horário de visita e do número de edifícios visitáveis.

Por muito estranho que possa parecer a necessidade de um cartão para aceder ao interior das igrejas e edifícios da cidade, de nada adianta ter as seguintes obras primas entre muitas outras, se quase ninguém as conhece.

3 comentários:

  1. Lembro apenas que esta questão não é exclusivamente local.
    E que há outras instituições a tentar promover a discussão e encontrar soluções para o problema: a Turel, a Igreja Católica...

    Pode interessar esta iniciativa (e trazê-la para Braga para o próximo ano...):
    http://www.bensculturais.com/como-visitar-uma-igreja

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